O que começou como um protesto contra o bloqueio de redes sociais se transformou em uma verdadeira revolta popular que parou o Nepal — e abalou os alicerces do governo.
Na noite desta terça-feira, o primeiro-ministro KP Sharma Oli anunciou sua renúncia, cercado por um país em chamas, marcado por violência nas ruas, 25 mortos, centenas de feridos e o Parlamento nacional incendiado pela população. A gota d’água de uma crise que vinha se desenhando há muito tempo.
“Renunciei ao cargo de primeiro-ministro (…) com o objetivo de dar novos passos em direção a uma solução política”, disse Oli, de 73 anos, em carta ao presidente.
Mas a saída do premier não foi suficiente. A revolta popular, alimentada por anos de corrupção, desemprego, instabilidade política e uma juventude silenciada, agora ecoa pelas montanhas do Himalaia com força total. O Exército entrou em cena, tropas foram às ruas e o país mergulhou em um estado de tensão jamais visto.
🌐 O Estopim: Um Silêncio Forçado nas Redes
Tudo começou com uma decisão polêmica: o governo bloqueou 26 redes sociais, incluindo Facebook, X (antigo Twitter), YouTube e LinkedIn. O motivo? As plataformas não estavam registradas formalmente no país.
Mas o que parecia uma medida burocrática virou um ataque direto à voz da população — especialmente da Geração Z, que representa 43% dos nepaleses entre 15 e 43 anos. Foi o suficiente para acender a faísca.
Em poucos dias, vídeos de filhos de políticos ostentando luxo enquanto o povo enfrentava a miséria viralizaram no TikTok (uma das poucas redes que permaneceu ativa). A indignação transbordou. E então, vieram os protestos.

🩸 Sangue nas Ruas, Vozes Caladas
A repressão foi imediata e brutal. Em Katmandu, a polícia usou gás lacrimogêneo, balas de borracha, cassetetes e até munição letal. A Anistia Internacional denunciou. O mundo assistiu.
Famílias choram seus mortos. A casa de um ex-primeiro-ministro foi incendiada, matando sua esposa, Ravi Laxmi Chitrakar, carbonizada. Manifestantes armados tomaram ruas, prédios públicos e aeroportos. O Parlamento foi consumido pelas chamas. Hotéis internacionais e aeroportos precisaram fechar.
A capital virou um campo de batalha. E o silêncio das redes deu lugar ao rugido das ruas.
💬 “Essa não é apenas uma crise política. É o grito de uma geração cansada de ser ignorada.”
O povo não protestava apenas contra um bloqueio. Protestava contra décadas de abandono, contra políticos ricos e intocáveis, contra um sistema que deixou 10% da população desempregada e um dos menores PIBs per capita do mundo.
Mesmo com a revogação da proibição das redes sociais, a renúncia de ministros e agora do próprio premier, a fúria não arrefeceu. Por quê?
Porque o povo quer mais do que medidas paliativas. Quer dignidade. Justiça. Quer ser ouvido.
🚨 E Agora?
Sem liderança clara no poder, o Exército assumiu o controle das ruas. Um comunicado pediu aos manifestantes que cessassem os saques e incêndios. Mas quem segura uma multidão quando a esperança se rompe?
A ONU está em alerta. O mundo assiste. E o Nepal, ferido, segue lutando.
✊ O Que Este Momento Nos Ensina?
Não se trata apenas do Nepal. É sobre o preço de calar vozes, sobre a fúria que nasce quando governos escolhem o controle em vez do diálogo. É sobre uma juventude que não aceita mais ser silenciada.
Em tempos em que a liberdade digital é parte essencial da democracia, bloquear uma rede social é bloquear o grito de um povo. E, como vimos, esse grito sempre encontra um caminho.
📢 Compartilhe. Reflita. Aja.
O mundo precisa saber o que está acontecendo. O silêncio, nesse caso, não é neutro — é cumplicidade.