A atriz Luana Piovani voltou a ocupar os trending topics ao repostar em seu Instagram a frase: “Ser odiado por idiotas é o preço que se paga por não ser um deles.” A sentença, cortante e direta, ecoa como um manifesto sobre autenticidade em tempos de superficialidade digital. Não é apenas uma cutucada — é uma postura. Um posicionamento claro diante de um universo onde popularidade muitas vezes se confunde com relevância, e onde o silêncio diante de absurdos virou moeda de sobrevivência pública.
A publicação da atriz surge em meio a uma nova polêmica envolvendo críticas diretas à influenciadora Virginia Fonseca e seu marido, o cantor Zé Felipe. Tudo começou após o depoimento de Virginia na CPI das Bets, uma investigação que lança luz sobre a relação obscura entre apostas digitais e influenciadores, e principalmente sobre a famigerada “cláusula da desgraça” — um termo que já diz tudo: o influenciador só é pago se seus seguidores perderem dinheiro.
O silêncio confortável vs. a voz incômoda
Piovani não é conhecida por ser morna. Ao contrário, faz do incômodo sua ferramenta de expressão e resistência. Quando muitos se calam, ela fala. Quando a massa se curva, ela se ergue — ainda que sozinha. E isso, naturalmente, tem um custo: ser odiada por quem prefere não pensar, não questionar, não enfrentar.
É nesse contexto que sua publicação ganha força. A frase atribuída ao escritor francês André Gide, e popularizada em vários círculos como uma espécie de bordão da autenticidade, diz mais sobre a estrutura de poder e o papel do artista crítico do que sobre uma rixa de celebridades. O problema nunca é a crítica em si, mas quem ousa fazê-la.
Da CPI ao linchamento virtual
O estopim da briga foi a participação de Virginia na CPI das Bets. Seu depoimento, considerado raso por parte do público e de figuras públicas, foi amplamente criticado. Piovani, conhecida por seu discurso combativo, não poupou palavras ao criticar a influenciadora e chegou a compará-la com Suzane von Richthofen, uma associação que dividiu opiniões.
Zé Felipe, em resposta, preferiu atacar Piovani pessoalmente, chamando-a de “matusalém”, numa tentativa de desqualificar suas críticas pela idade — uma clássica estratégia misógina e etarista. Sua mãe, Poliana Rocha, também entrou na briga, publicando mensagens com tons religiosos e alfinetadas passivo-agressivas, insinuando que Piovani sofre de “amargura” e falta de propósito.
Piovani, como era de se esperar, respondeu com o mesmo nível de contundência que lhe é característico: “Essa excomungada falando de Deus?? Que o karma da desgraça que ela vende inunde a vida dela.”
Entre farpas e farsas: qual o verdadeiro debate?
No meio de tanto ruído, o foco parece ter se perdido. A discussão que deveria estar centrada na responsabilidade dos influenciadores, no impacto social das apostas online e na ética de monetizar a desgraça alheia, virou um reality de farpas nas redes. Mas talvez aí esteja o ponto central que Piovani tenta levantar — e que muitos preferem ignorar: é mais fácil rir, atacar e desqualificar do que refletir.
E quando uma mulher ousa levantar esse espelho — especialmente uma mulher madura, sem medo de ser odiada — ela se torna alvo. Porque o Brasil ainda não aprendeu a lidar com mulheres que não pedem desculpas por existir, opinar e incomodar.
O preço de não ser um deles
Ser Luana Piovani em 2025 é um ato político. Não porque ela representa um partido, mas porque ela se recusa a ser parte da massa anestesiada. Sua postura não é perfeita, muitas vezes é dura e provocativa, mas é também profundamente necessária. Porque é da fricção que nasce o debate, e do incômodo que se faz revolução — ainda que pequena, ainda que individual.
Se ser “odiada por idiotas” é o preço por manter sua integridade, então Luana Piovani está pagando caro — e pagando em dia. Num mundo onde tantos vendem sua imagem por aplausos fáceis, talvez seja exatamente disso que estamos precisando: de gente que prefira ser verdadeira a ser adorada.
Não se trata apenas de uma briga de famosos. Trata-se de um embate sobre o que estamos consumindo, quem estamos admirando e, principalmente, o que estamos ignorando. Piovani incomoda porque sua voz não ecoa o coro. E talvez, nesse silêncio ensurdecedor de influenciadores que vendem tudo, até o juízo, sua fala siga sendo um dos últimos gritos de lucidez.