Virginia Fonseca é ouvida na CPI das Bets: influência digital, contratos milionários e o impacto das apostas online

Virginia Fonseca CPI das Bets

A influenciadora digital Virginia Fonseca, com mais de 50 milhões de seguidores no Instagram, foi ouvida nesta terça-feira (14) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets. A convocação partiu da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da comissão, que destacou o papel central da influenciadora na promoção de plataformas de apostas online — um setor que tem levantado preocupações sobre possíveis impactos sociais e crimes financeiros.

Virginia é uma das figuras mais proeminentes do marketing de influência no Brasil, conhecida por compartilhar amplamente sua vida pessoal, incluindo momentos com os três filhos e o marido, o cantor Zé Felipe, filho do sertanejo Leonardo. Além da carreira digital, é apresentadora do programa “Sabadou com Virginia”, no SBT, e empresária no ramo de cosméticos.

O papel de Virginia na promoção das “bets”

A participação da influenciadora na CPI busca esclarecer a extensão de sua relação com empresas de apostas, especialmente diante de contratos milionários que vieram à tona nos últimos meses. Segundo uma reportagem publicada em janeiro de 2024, Virginia teria firmado contrato com a empresa Esportes da Sorte, recebendo um adiantamento de R$ 50 milhões, além de uma comissão de 30% sobre as perdas dos usuários que se cadastrassem na plataforma por meio de seu link pessoal.

Esse tipo de cláusula, segundo especialistas, gera um conflito ético significativo, pois transforma influenciadores em participantes diretos do modelo de lucro das casas de apostas, que se beneficiam do prejuízo dos apostadores.

Após o término do contrato com a Esportes da Sorte, Virginia firmou novo acordo com a plataforma Blaze, no valor de R$ 29 milhões anuais.

CPI das Bets: investigação do impacto social e financeiro

A CPI das Bets foi criada para investigar o impacto das apostas online na vida das famílias brasileiras, bem como possíveis conexões dessas plataformas com crimes como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e associação criminosa. A comissão também analisa o papel dos influenciadores digitais, como Virginia, na expansão desse mercado no país.

A senadora Soraya Thronicke, ao justificar a convocação, afirmou:

“Virginia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online. Seu alcance e influência merecem ser analisados dentro do contexto ético e legal dessas divulgações.”

Influência, publicidade e responsabilidade

A convocação de Virginia reacende o debate sobre os limites éticos da publicidade digital, especialmente quando se trata de produtos ou serviços com potencial de risco à saúde financeira e emocional do público. No caso das apostas online, o público-alvo muitas vezes inclui jovens e pessoas com perfil vulnerável à ludopatia (vício em jogos de azar).

Durante o depoimento, espera-se que Virginia esclareça os termos de seus contratos, o conhecimento sobre as consequências dessas divulgações e sua posição diante das críticas à monetização desse tipo de conteúdo.

Conclusão

O caso de Virginia Fonseca evidencia a necessidade urgente de regulamentar a publicidade de apostas online no Brasil, um setor que cresce rapidamente e que vem se utilizando de rostos populares para atrair novos usuários. A CPI das Bets, ao chamar grandes nomes da internet para prestar esclarecimentos, sinaliza que a influência digital não está isenta de responsabilidade pública — especialmente quando envolve bilhões de reais e impactos diretos na vida de milhões de brasileiros.

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