Influenciadora entra para o radar das empresas mais criticadas do Brasil, superando gigantes do setor bancário
A marca de cosméticos Wepink, fundada pela influenciadora digital Virgínia Fonseca, atingiu um marco controverso no mercado brasileiro: com 48.457 reclamações registradas no site Reclame Aqui, a empresa figura atualmente na 15ª posição no ranking das empresas mais reclamadas do país. O número expressivo coloca a Wepink à frente de instituições consolidadas como o Banco Inter e o Santander, que ocupam o 16º e o 18º lugar, respectivamente.
Entre elogios e frustrações: o paradoxo da popularidade
O crescimento meteórico da marca de cosméticos é, em grande parte, atribuído ao carisma e à visibilidade de Virgínia Fonseca, que soma dezenas de milhões de seguidores nas redes sociais. No entanto, o sucesso em alcance e vendas não parece estar sendo acompanhado por uma estrutura operacional compatível com essa demanda.
Segundo o Reclame Aqui, as principais queixas estão relacionadas a atrasos significativos na entrega dos produtos, além de falhas no atendimento ao consumidor. Muitos relatos apontam para a inexistência de canais eficazes de comunicação, o que tem gerado frustração generalizada entre os consumidores.
Quando o marketing supera a logística
Especialistas em gestão empresarial apontam que o caso da Wepink reflete um fenômeno crescente no Brasil: marcas que nascem da influência digital e alcançam grandes volumes de vendas rapidamente, mas que falham em consolidar processos logísticos e canais de suporte adequados.
“É um erro comum entre negócios impulsionados por celebridades. O marketing e a demanda crescem muito mais rápido do que a capacidade operacional. Isso gera um gargalo perigoso na experiência do consumidor”, explica a consultora de varejo digital, Camila Ribeiro.
O peso da reputação digital
Estar entre as 20 empresas mais reclamadas do país não é um feito trivial, principalmente para uma marca do setor de cosméticos — tradicionalmente dominado por empresas com presença física e logística nacional há décadas. A posição no ranking do Reclame Aqui expõe uma fragilidade que pode comprometer a confiança do público e afetar diretamente a reputação da influenciadora.
O próprio Reclame Aqui já sinalizou que as queixas relacionadas à Wepink cresceram de forma acelerada nos últimos meses, e que o volume é incomum para uma empresa jovem no mercado. Apesar disso, a marca ainda não emitiu comunicado público reconhecendo os problemas ou detalhando planos de ação para corrigi-los.
Um alerta para influenciadores-empreendedores
O caso da Wepink serve de alerta para outras personalidades que desejam transformar sua imagem pública em marcas comerciais. A gestão de um negócio vai além da promoção e do marketing: exige estrutura, planejamento, atendimento e logística eficiente — áreas que não são substituídas por seguidores ou engajamento nas redes sociais.
Se a empresa não conseguir reverter essa percepção negativa, poderá comprometer não apenas seus números de vendas, mas também a própria carreira de Virgínia Fonseca como empresária.